Crise hídrica pode aumentar dependência do Brasil por GNL
Embora a crise hídrica tenha sido um dos eventos mais monitorados em 2021, ela ainda está impactando o cenário energético brasileiro.
Com a sequência de acontecimentos internacionais registrados em 2022, o mercado nacional voltou a vivenciar os efeitos das baixas reservas por meio de um aumento na dependência por GNL.
Essa condição está diretamente relacionada com os conflitos internacionais, e pode trazer efeitos a longo prazo, segundo especialistas.
Entenda mais sobre o assunto e veja como a crise hídrica no Brasil interferiu no uso de gás natural no País.
A crise hídrica de 2021 e seus efeitos no Brasil
A crise hídrica de 2021 foi a maior já registrada no Brasil nos últimos 91 anos, segundo a Agência Brasil. Em setembro do ano passado, as principais hidrelétricas operavam com menos de 20% da sua capacidade total.
Isso ocorreu por conta do baixo volume de chuvas e falta de recursos nos reservatórios, levando o País a gastar todas as alternativas disponíveis para manter o abastecimento nacional.
Essa situação levou ao acionamento das termelétricas e outras opções energéticas, a fim de reduzir o vínculo de necessidade com as usinas hidrelétricas.
No entanto, essa condição gerou uma nova dependência de GNL. Em 2021, o Brasil importou cerca de 26 milhões de m3 /dia de gás natural, o que correspondeu a 28% de toda a demanda de gás no ano, de acordo com dados do boletim mensal do Ministério de Minas e Energia (MME).
Por outro lado, essa condição não poderia se manter em 2022, por conta dos eventos internacionais que estão acontecendo.
Os conflitos entre Ucrânia e Rússia encerram o fornecimento de gás natural que o país russo realizava, levando a crises na Europa e a busca por alternativas de abastecimento.
Um dos países que passou a atender essa demanda foi os Estados Unidos, mesmo fornecedor para o Brasil.
O mercado de importação de GNL no atual cenário, segundo Eduardo Navarro Antonello
De acordo com Eduardo Navarro Antonello, fundador da Golar Power e da Macaw Energies, a procura por alternativas de abastecimento deve ser vista como uma prioridade para o país.
“É estratégico que o Brasil desenvolva alternativas de originação, escoamento, armazenamento, transporte e distribuição de energia nesse cenário. O cenário nacional é muito positivo para que isto se consolide, colocando o país à frente de potências como EUA e China quando se trata do preço de energia tanto no transporte quanto em processos industriais, afirma o consultor e especialista energético.
Com a crise hídrica, o Brasil chegou a negociar, em média, 10 milhões de metros cúbicos por dia (m3 /dia) de GNL. Esse volume foi responsável por atender 15% da demanda total do País entre janeiro e junho de 2022. Enquanto isso, por falta de escoamento e distribuição, acabamos tendo que parar a produção doméstica que poderia ser significativamente mais barata.
Entretanto, com o aumento de preços causado pela guerra na Ucrânia, o Brasil tem enfrentado contratos mais caros e obviamente repassado os custos aos consumidores, além dos acréscimos de frete.
Por esse motivo, especialistas afirmam que o País deve aprender a lição é aproveitar o momento para desenvolver alternativas quando nos depararmos com novas crises hídricas.
O que esperar do mercado energético brasileiro no futuro?
A expectativa do mercado energético brasileiro é se recuperar da crise hídrica de 2021 e encontrar outras opções para a dependência de GNL importado.
O momento é oportuno para desenvolver mecanismos de fomento que otimizem a produção, escoamento e utilização do gás natural produzido no pré-sal, assim como o Biogás produzido em aterros sanitários no agronegócio.
Ao incentivar a produção doméstica e reduzir gargalos de infraestrutura, o Brasil pode não apenas eliminar sua dependência de compra, como também se tornar um fornecedor global.
Dessa forma, vale a pena acompanhar a atualização de especialistas e monitorar as movimentações do mercado nos próximos meses.