Você pode até não saber o significado de mobilidade urbana, mas com certeza precisa dela e sente os efeitos negativos do que existe hoje no Brasil.
A mobilidade urbana se refere ao deslocamento de pessoas dentro das cidades, englobando todas as formas de transporte e os elementos que influenciam a qualidade, eficiência e acessibilidade desses deslocamentos.
Vai muito além da simples movimentação dos indivíduos e está relacionada diretamente à maneira como as cidades são planejadas, os modais de transporte disponíveis, os serviços de transporte público, à infraestrutura viária e a interação entre os diversos meios de locomoção.
No Brasil, a mobilidade urbana enfrenta uma série de desafios que impacta negativamente na qualidade de vida das pessoas, que todos os dias enfrentam congestionamentos, longos períodos de deslocamento, falta de qualidade e segurança em transportes públicos, entre outros problemas.
Importância de um transporte público sustentável
O problema com a mobilidade urbana no Brasil está ligado diretamente ao processo de urbanização das cidades.
O diretor da Viação UTIL, Jacob Barata Filho, inclusive exemplifica ao citar que Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais brasileiras cresceram ao longo dos trilhos de bondes e trens urbanos, que tiveram papel decisivo na sua configuração. No entanto, ele lembra que esse processo começou a se transformar dos anos 50 em diante, quando se intensifica o uso do automóvel em escala mundial. “A difusão de veículos automotores leva a rápido crescimento das infraestruturas urbanas e das malhas viárias. Pelas vantagens que oferece em termos de flexibilidade e economia, o ônibus assumiu a primazia nos deslocamentos diários da população, mas a expansão das cidades não foi acompanhada de medidas de integração entre o planejamento urbano e o de transporte e se tornou disfuncional”, explica Jacob Barata Filho.
Segundo o diretor da Viação UTIL, o resultado é bem conhecido: distanciamento entre moradia e trabalho, congestionamentos, maior consumo de energia e poluição, aumento de custos do deslocamento, sobretudo para a população de baixa renda, perda de qualidade de vida e exclusão social. “Esse círculo vicioso não é exclusivo das metrópoles brasileiras, mas aqui se agrava devido a problemas de ordem política, administrativa e financeira”, salienta Jacob Barata Filho.
São muitos os problemas da mobilidade urbana no Brasil, que vão desde a sobrecarga do espaço viário, limitação do fluxo, poluição ambiental, falta de investimentos no transporte público, infraestrutura viária insuficiente, até a falta de integração entre modais de transporte, falta de conscientização dos cidadãos e ausência de planejamento urbano integrado. Paralelamente a isso, a população não para de crescer e, consequentemente, o número de veículos individuais em circulação.
Segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), o Brasil conta hoje com 116 milhões de veículos em circulação, incluindo carros, motos, motonetas, caminhões, ônibus e reboques. Desses, 45,4 milhões são carros, o que corresponde a 1 carro a cada 4 habitantes, de acordo com o Denatran.
Isso significa que, enquanto o carro costuma ser usado de forma individual, um ônibus de transporte público pode levar de 40 a 250 passageiros, de acordo com o modelo da carroceria e a legislação local. Além de ocuparem mais espaços nas vias urbanas, quanto mais carros nas ruas, mais poluição. Ou seja, a forma como as pessoas se deslocam nas cidades também tem impacto direto no meio ambiente.
E como mudar isso? Com um transporte público mais sustentável, que seria a implementação de algumas iniciativas, como:
– A adoção de ônibus elétricos, ou seja, alimentados por energia elétrica, o que elimina a emissão de gases poluentes e reduz a poluição sonora;
– A criação de corredores de ônibus exclusivos, onde os ônibus podem circular sem interrupções, melhorando a eficiência do sistema de transporte público, reduzindo o tempo de viagem e a emissão de poluentes.
– Iniciativas que promovam a integração entre diferentes modais de transporte, como ônibus, metrô, bicicletas compartilhadas e serviços de carona, o que permitiria às pessoas combinarem diferentes meios de deslocamento, tornando suas viagens mais convenientes e sustentáveis;
– E a implementação de tarifas acessíveis e políticas de incentivo, como subsídios para o transporte público ou aumento de impostos sobre veículos poluentes, o que poderia tornar o transporte público mais atrativo e competitivo em relação ao uso de carros particulares.
“Costumamos ouvir que a população só deixará de usar o carro particular quando o transporte público oferecer um serviço de qualidade. Isso não é verdade. Claro que a qualidade do transporte público e o controle do uso do automóvel são fatores estratégicos em qualquer gestão urbana, mas não bastam se não houver integração entre o planejamento urbano e o de transportes”, afirma o diretor da Viação UTIL, Jacob Barata Filho.
Integração e acessibilidade: como melhorar o transporte público em metrópoles
Para solucionar o problema da mobilidade urbana no Brasil, é importante investir em ações que tragam mais eficiência ao transporte público nas grandes cidades.
E um desses caminhos é através do estímulo à integração modal, ou seja, investir em transporte público eficiente e integrado facilita a integração entre diferentes modais de transporte, como ônibus, metrô, bicicletas e compartilhamento de carros. O resultado? Uma cidade sustentável e com melhor qualidade de vida para seus habitantes.